Mensagem do Presidente Mahmoud Ahmadinejad

هذا هو الذهاب الى ليونة الغاية ، إيه!

domingo, 30 de outubro de 2011

Vergonha no Pan

Atleta brasileiro vence "na cagada".

Atenção no vídeo aos 2:49s.
As imagens são auto-explicativas.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Preso no Passado

Segunda produção independente do Essamoleza! Opinem!


Preso no passado



Se a expressão “preso no passado” cai bem pra alguém, esse alguém chama-se Jorge. Jorge Fontes. Funcionário público. Físico frustrado. Cientista de garagem.

Jorge vivia preso no passado. Pra ele a vida era muito melhor nos anos 80. Ele fora jovem na época, a qual considerava o apogeu da humanidade. Nascido em 71, os assuntos favoritos de Jorge eram os personagens, artistas, filmes, séries, músicas, e tudo mais que dizia respeito à sua década favorita. Jorge discorria, argumentava, se emocionava. Atari. Pacman. Enduro! U2. The Cure. The Smiths. Curtindo a Vida Adoidado. De Volta para o Futuro, o preferido. Alf, o Eteimoso. Topo Gigio. Ursinho Misha. Diretas Já. Queda do mudo de Berlim. Bozo. A vida definitivamente era melhor nos anos 80.

Tal era a fixação de Jorge pelo passado que ele decidira usar seu tempo livre e os conhecimentos adquiridos na faculdade pra tentar construir uma máquina do tempo. Essa foi, sem dúvida, a pior idéia que Jorge teve em toda a sua vida. Mas movido pela paixão e contando com o otimismo dos ignorantes, Jorge deu início ao seu projeto. Ele não fazia nada além dormir, trabalhar e se dedicar à máquina. Se a mulher já andava insatisfeita com o casamento, depois que a bateção na garagem começou a coisa degringolou de vez. Ela também gostava dos anos 80. Na verdade essa afinidade foi a principal razão para a união dos dois, anos atrás. Mas aquilo era demais. Ela aguentou meio ano antes de ir embora. Jorge mal notou o dia que chegou em casa e encontrou um bilhete de despedida. Jorge tinha coisas mais importantes pra fazer. Uma máquina que o fizesse voltar no tempo.

Como ele conseguiu ninguém nunca vai saber, talvez nem ele. Boa parte do tempo em que trabalhava ele não estava muito... lúcido, digamos. Na verdade Jorge estava tão imerso na sua própria fantasia que vivia em um estado de semi-lucidez quase contínuo. Mas enfim, ele conseguiu. Já tinha perdido a conta de quantas tentativas já havia feito quando finalmente o teste pareceu promissor: a chave de fenda que colocou dentro da cabine como cobaia desapareceu na frente dos seus olhos. Incrível! Sem pensar duas vezes, Jorge entrou na cabine, fechou a porta e apertou o botão.

A máquina só tinha um botão. Tão absorto estava Jorge na teoria por trás da viagem no tempo que esqueceu alguns detalhes. A máquina não tinha ajuste de quanto no tempo ele queria regressar. A máquina não fazia viagens para o futuro. A máquina nem ao menos viajava junto com o viajante. Ela só tinha um botão. Grande, vermelho. Dizia “ligar”. A ânsia de Jorge vedou-lhe os olhos. Subtraiu-lhe a razão. Ele deu a partida. E só quando se viu envolto em uma névoa branca é que voltou a pensar direito. Quase como um bêbado posto embaixo do banho frio, Jorge sentiu o tamanho da cagada que estava comentendo. Ele tentou apertar o botão novamente, pra abortar a missão, mas o botão só dizia “ligar”. CADÊ O BOTÃO DE ABORTAR???? MERDA. A cabine também não tinha fechadura por dentro, outro pequeno detalhe esquecido. Foi. Fodeu a barca, pensou. Jorge piscou o olho e acordou no meio de um arbusto.

POR EINSTEIN, ONDE EU TÔ???? Jorge olhou à volta. Já era noite, não havia luzes. Quanto no tempo será que ele tinha voltado? Um ano, dez, mil, 100 milhões? Um arbusto há poucos metros se mexeu, um vulto começou a sair de dentro dele. O ateísmo de Jorge balançou. MEU DEUS, UM DINOSSAURO!!!! O cagaço tomava conta de capacidade de julgamento de Jorge, era apenas um cachorro. UM CACHORRO!!! Jorge abraçou o cusco. Um cachorro significava que ele não tinha voltado tanto assim, afinal se já existem cachorros domesticados então já existem homens modernos e... UM HOMEM SEMI NU E BARBUDO SAINDO DO MESMO ARBUSTO! ESTOU NA IDADE DA PEDRA! O homem se dirigiu rapidamente até Jorge, que ainda sob efeito do cagaço não pensou e tentou se comunicar. UGA BUGA? O homem bêbado só olhou pra Jorge, tomou-lhe o cusco do colo e saiu reclamando que o mundo andava cheio de malucos. ELE FALA PORTUGUÊS, ESTOU NO BRASIL! O contentamento de Jorge crescia. Talvez ele só tivesse sido transportado pra outro local, ainda em 2011. Errado. assim que encontrou uma rua e viu as construções ele viu que estava no passado, provavelmente na mesma rua em que ele morava. MERDA, MERDA, MERDA. Bom, ainda podia ter dado sorte e se transportado pros anos 80. Talvez o seu desejo profundo tivesse de alguma maneira orientado a viagem no tempo, através da conexão entre suas sinapses e a as partículas subatômicas das supercordas que... Errado. Jorge achou um jornal no chão, com data de 1965. PUTAQUIOPARIU.


A vida naquele 1965 não estava fácil para Jorge. Morava num porão, comia no trabalho. Se sentia um peixe fora da água. Ele detestava os anos 60, quase na mesma medida que adorava os 80. Motos idiotas, iê-iê-iê, Gumex. Blergh. Estúpidos, não sabem o que é bom. Mas um dia, ouvindo rádio, Jorge teve a luz. Um jornalista falando sobre a Copa do Mundo. ÓBVIO. Ia apostar nos resultados de esportes e ganhar grana. SOU UM GÊNIO. Tentou se lembrar do resultado da Copa que iria acontecer no ano seguinte. Mas o sorriso de satisfação nos lábios de Jorge pouco a pouco deu lugar a uma expressão de frustração. PUTAQUIOPARIU, QUEM FOI QUE GANHOU A COPA DE 66????? Jorge não lembrava. Talvez nunca houvesse sabido de fato. MERDA. MERDAAA. Nem isso eu vou poder aproveitar??? Jorge se viu frustrado por dias a fio. Que sensação broxante. Por que raios ele não prestava mais atenção nos programas esportivos, não colecionava figurinhas, qualquer coisa? MERDA. Mas nem tudo estava perdido. Jorge teve uma segunda luz. ÓBVIO, BRASIL NO MÉXICO EM 70. Até as crianças saberiam essa. RÁ! Mais uma vez aquela sensação de excitação tomou conta de Jorge. Ele tinha um plano. Trabalhar duro, economizar muito dinheiro, e apostar tudo no Brasil na Copa de 70. GÊNIO!

Os anos seguintes não foram fáceis, mas quando há um objetivo em vista tudo fica mais palatável. Jorge perdia noites pensando em como gastar a sua fortuna. Isso fazia com que os anos 60 fossem mais suportáveis. Em 1969, finalmente, a alforria. Quis o destino que Jorge se lembrasse também do gol 1.000 de Pelé. Em uma rápida conversa com os colegas de trabalho ele tirou uma boa grana apostando que o milésimo gol do Rei seria de pênalti. Até o canto Jorge acertou. GÊNIO DO ESPORTE. Decidiu que ia conhecer o Pelé antes da Copa.

Lá se foi Jorge pra Santos, ver o Rei jogar a última partida pré-Copa. Antes de partir, Jorge foi na casa de apostas da cidade e colocou quase todas as suas economias no Brasil. A Seleção não estava pagando tanto, mas jogando toda a grana que tinha economizado até que renderia bem. Ficaria rico. Rico o suficiente pra viver bem até chegar nos anos 80. E os 70 nem tinham sido tão ruins assim. A coisa estava melhorando!

Chegando a Santos Jorge alugou uma motoneta. Quase passou Gumex no cabelo, mas isso já seria demais. Lá foi ele, rumo ao treino do Santos. E lá estava o Rei. Que emoção! Ficou lá até tarde, já estava escuro quando decidiu voltar pro hotel. Voltou pra sua motoneta, deu a partida. Saiu do estacionamento e acelerou, queria sentir o vento na cara. Tudo bem, era difícil ganhar velocidade com uma motoneta, mas tava valendo. Jorge estava tão empolgado que nem viu uma pessoa cruzar a rua correndo. Jorge tentou freiar em cima, em vão. Deu no meio. Voou ele, a motoneta e a pessoa. Jorge caiu em cima de um arbusto, aparentemente inteiro. Correu pra socorrer o ferido. MEU DEUS, MEU DEUS. TÁ SEM PULSO, PUTAQUIOOOPARIUUUU. ALGUÉM AJUDA! Nada, nenhuma viva alma. Jorge começou a chorar. Virou a pessoa pra ver seu rosto, com medo de ver os olhos do morto. Jorge ficou mudo. MEEEEU DEUS. NÃO PODE SER... NÃO, NÃO!!! EU MATEI O PELÉ!!!!! FODEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEU!

Fodeu. Jorge fugiu. MALDITA MOTONETA!!!!!! Chutou-a antes de ganhar o mato. Nunca ninguém soube quem tinha matado o Rei. Comoção nacional. Jorge estava arrasado. Convivia com a culpa dia após dia. E não era tudo... O Brasil sem Pelé na Copa... MEEEEEEERDA! Obviamente, o pior se confirmou. Além de não contar com seu melhor jogador, a Seleção estava abalada emocionalmente. Jogou mal todos os jogos, nem se classificou para as eliminatórias. Jorge estava pobre. Jorge não lembrava quem tinha ganho as Copas de 1974, muito menos de 1978. Jorge tinha matado Pelé. E o pior de tudo, ainda faltavam 10 anos para os anos 80. Pelo menos Jorge tinha bem clara uma coisa: nunca iria tentar conhecer o Michael J. Fox pessoalmente.

MISTEEEEEER SHAMPOO INFINITO!